A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) esvaziou dois programas que promoviam shows de funk e eventos sociais para comunidades carentes na cidade. Os projetos Funk SP, que ficou conhecido como “pancadão oficial”, e o Rolezinho da Cidadania, que substituiu os encontros de jovens marcados pela internet, tiveram o orçamento reduzido de R$ 7,2 milhões, em 2015, para R$ 2,4 milhões em 2016.
Desde junho não se faz nenhum evento na cidade. Com o corte, organizadores e artistas da periferia estão “migrando” de volta para a informalidade. A Prefeitura alega crise econômica, mas promete retomada da iniciativa.

Envolvimento.
O Funk SP teve início em dezembro de 2014 e contou com a articulação de mais de 40 líderes comunitários que faziam os bailes irregulares. Um evento oficial, em local fechado, pode custar até R$ 180 mil e envolve banheiros químicos, seguranças e postos médicos à disposição. O público médio, segundo a Prefeitura, é de cerca de 2 mil pessoas. O projeto teve início para esvaziar os eventos irregulares, que muitas vezes têm violência e confrontos da população com a Polícia Militar. No início deste mês, por exemplo, houve tiroteio em um “pancadão” ilegal realizado no Elisa Maria, bairro da zona norte de São Paulo.
O DJ Anderson Marcos Pereira, de 19 anos, aceitou sair dos bailes de favela da zona sul, onde ganhava pelo menos R$ 700 por noite, para participar dos projetos da Prefeitura. O principal motivo é a insegurança que os eventos traziam. “A polícia invade, chega atacando com bomba, quebra nosso equipamento e a gente se machuca”, diz. Como não conseguiu tocar em nenhum “pancadão oficial” neste ano, diz que precisará voltar a tocar nas favelas. “Desmarcaram um show que teria no sábado dias antes”, reclama.
O MC Luan Santiago de Oliveira, de 25 anos, divulga as músicas em festas na periferia pelo menos desde 2008, em lugares como as favelas da Vila Inglesa e da Vila Missionária, ambas na zona sul de São Paulo. Um dos principais problemas, diz, é a insegurança. “Quando a polícia chegava era um corre-corre, todo mundo pisoteado. Não fico feliz de fazer um evento para a comunidade em que os moradores podem se machucar. Já no evento da Prefeitura a polícia está do nosso lado”, diz.
Quando ficou sabendo do projeto da Prefeitura, Oliveira foi um dos primeiros a aderir. “Já participei de pelo menos cinco. Mas neste ano só fui a um”, diz. Ele conta que usa os “pancadões” para divulgar seu som, gravado em estúdios. “Antigamente a gente subia no caminhão de som e fazia até cinco shows por noite. Hoje gravamos tudo em um pen drive, damos para o DJ no carro de som e saímos distribuindo CD.”
Com os cortes, Oliveira admite ter de voltar para a informalidade. “Eu sempre faço ‘bicos’ paralelos para comprar os CDs e impulsionar redes sociais. Já trabalhei vendendo revista, em metalúrgica, trocando vidro automotivo, construção, planfletando…” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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